quinta-feira, 31 de maio de 2012


Património português, Geoconservação e geoturismo

A ocorrência de um ou mais elementos da geodiversidade (aflorantes quer em resultado da acção de processos naturais quer devido à intervenção humana) dá-se a designação de Geossítio. Este encontra-se bem delimitado geograficamente e apresenta valor singular do ponto de vista científico, pedagógico, cultural, turístico, ou outro. O local com uma excepcional concentração de geossitios designa-se por Área de interesse geológico e o conjunto de geossitios inventariados e caracterizados numa dada região é o Património Geológico.
Conceito de Geoconservação:
Geoconservação é uma área de especialidade das Geociências que se ocupa da identificação, avaliação, gestão e conservação dos locais cujos valores da geodiversidade estão acima da média, isto é, lugares cujas ocorrências geológicas possuem inegável valor científico, pedagógico, cultural, turístico ou outros - os geossítios (Brilha, 2005).
Finalidade da Geoconservação - A geoconservação  pretende reconhecer, preservar e valorizar os constituintes não vivos do meio natural com significado e valor geológico, ou seja, valores de excepção representativos da geodiversidade (“conjunto de ambientes geológicos, fenómenos e processos activos geradores de paisagens, rochas, minerais fósseis, solos e outros depósitos superficiais que constituem a base para a vida na Terra” - Stanley, 2000).

Apesar da existência de um número considerável de património geológico em Portugal, citaria alguns que reveste-se de grande importância, designadamente:
a)    
  Cabedelo do douro;

b)      Costa Nova;
  
c)      Murtinheira;

d)      Praia Norte

e)      Supertubos;   

f)        Megaslabs;  

g)      Lajes de Ericeira;

h)      Carcavelos;  

i)        Onda estática do Alentejo;  

j)        Arribas de Sagres.  

Medidas a adoptar - Dependendo da dimensão, do nível de impacte e do grau de vulnerabilidade dos elementos da geodiversidade, que se propõem conservar, poderão ser aplicadas técnicas de actuação complexas e avançadas ou uma simples norma de comportamento por parte do geoconservador ou do próprio turista, adoptando as seguintes medidas de prevenção:
  • Proteger e manter a integridade de locais com relevância para a geoconservação;
  • Contribuir para minimizar os impactes decorrentes de actividades que possam perigar os geossítios;
  • Preservar as taxas e magnitudes das modificações de processos geológicos;
  •  Interpretar a geodiversidade para os turistas e outros visitantes de áreas protegidas;
  •  Promover a exploração sustentável dos recursos geológicos;
  •  Proteger, manter e monitorizar os geossítios;
Em muitos casos, como por exemplo nas áreas protegidas a atitude conservadora não depende somente dos gestores, da aplicação dos instrumentos jurídicos e dos políticos mas também do comportamento individual ou colectivo dos visitantes.

Geoturismo

Por seu lado, o geoturismo é uma vertente de preservação bastante incentivada actualmente pelos grupos que trabalham com o património geológico. É considerado um turismo da natureza cujo enfoque é a geodiversidade, onde, ao mesmo tempo em que divulga propicia aos turistas o conhecimento e entendimento da geologia, Em síntese, utiliza como chamariz a beleza do monumento para que se possa criar questionamentos e dúvidas o visitante através de uma abordagem interpretativa, instigando a busca pelo conhecimento e revelando o seu significado científico às pessoas que estariam procurando apenas lazer (Nascimento e tal. 2008).
Pode ser definido também como “Um segmento da actividade turística que tem o património geológico como seu atractivo e busca sua protecção por meio da conservação dos seus recursos e da sensibilização do turista, utilizando para isso, a interpretação deste património tornando-o acessível ao público leigo, além de promover a sua divulgação e o desenvolvimento das ciências da terra” (Ruchkys 2007).
O trabalho de geoturismo é acompanhado da educação patrimonial, mas esta última possui como enfoque a comunidade local. A educação patrimonial trabalha com grupos como escolas ou associações de moradores, onde o objectivo principal é a busca pelo conhecimento através do objecto e/ou monumento.
O geoturismo tem como enfoque os turistas, pessoas que possivelmente não têm nenhuma relação com o local e que estão em busca do divertimento. Entretanto, em alguns segmentos, utiliza a educação patrimonial como um meio de conscientização e apreensão do património geológico e alfabetização cultural. O geoturismo aposta na divulgação da geodiversidade em combate ao desconhecimento da população sobre a importância dos conhecimentos geológicos. Em suma, a eficácia de geoturismo depende em grande de medida da boa conservação do património geológico. Sendo assim, todos devemos preservar a geodiversidade que não só propicia um ambiente agradável para as populações mais próximas e os visitantes (turistas), como também para a vertente educacional no que concerne as investigações geológicas, pois, o Mundo é bom lugar de viver onde o homem pode ser um excelente inquilino se preservar bem a casa para as gerações vindouras.     

BIBLIOGRAFIA

ASSUNÇÃO, F.T. (1968). Geologia da Província de Cabo Verde. Curso de Geologia do Ultramar, Lisboa, 2-52.
BRILHA, J. (2005). Património Geológico e Geoconservação: a Conservação da Natureza na sua Vertente Geológica, Palimage Editores, 190. Viseu.
HENRIQUES, P. C. (2002). a, b, c das Áreas   Protegidas de Portugal Continental.
www.unesco.org/science/earth/doc/geopark/list/pdf
http:/www.ecotuorism.org.



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